A retórica esquerdista desde sempre demonizou
duas entidades as elites e o mercado financeiro. A primeira é um ser abstrato e quase mítico
formada por um grupo de pessoas que beiram a pura maldade e lucram com a
miséria alheira. Também atende pelo nome
de burguesia, termo mal empregado por sinal.
Este é um assunto para um tópico futuro.
Já o mercado financeiro não é uma entidade mítica e apesar de ser um
tanto abstrata é categorizada por homens sem rosto de terno e paletó com pastas
cheia de dinheiro e que também lucra com a miséria alheia. É também caracterizado como uma entidade
malígna. Aloízio Mercadante, alguém que
consegue ter noções de economia piores que Guido Mantega, veio com a seguinte
pérola “A nossa prioridade é emprego e renda.
A nossa agenda não é a do mercado.”
Fico realmente intrigado se ele acredita nesta pérola ou se faz parte de
sua retórica demagógica habitual.
O mercado financeiro é algo extremamente
necessário para o desenvolvimento de uma nação há muito tempo. É o local de encontro daqueles que têm
recurso disponíveis para investimentos com aqueles que precisam de recursos
para tocar um negócio ou simplesmente começar um. Se não houvesse um mercado financeiro, muitas
oportunidades de negócios simplesmente não existiriam, consequentemente muitos
empregos não seriam gerados e a renda de trabalhadores seria comprometida.
Sim, existem no mercado financeiro muitos
especuladores gananciosos que contribuíram significativamente para a
quebradeira de 2008, e também nações que substituem a arrecadação de impostos
pela especulação financeira, mas muitos recursos que giram no mercado
financeiro são de trabalhadores assalariados ou autônomos que pouparam no fim do
mês e procuram uma oportunidade de fazerem seu dinheiro render mais, inclusive
investindo em fundos de pensão. Em
outras palavras não é só capital oriundo dos tubarões e sim de lambaris, embora
o investimento de ambos mereçam respeito igual.
O dinheiro investido no mercado financeiro é,
portanto, muitas vezes oriundo do esforço da poupança de ricos e até
pobres. Ressalto o óbvio que esforço de
poupança exige sacrifícios de evitar tentações consumistas. Não é dinheiro dado à caridade e sim dinheiro
investido com uma promessa de retorno. O
risco existe é claro, por isso que rendimentos em aplicações de risco tendem a
render mais do que outras como caderneta de poupança. O que mantém o mercado financeiro saudável é
o respeito ao dinheiro do investidor e a responsabilidade também do investidor
de não investir em oportunidades que careçam da mínima credibilidade. Em suma, lembro-me de uma frase que meu
professor de economia na faculdade gostava de dizer: “Capital não leva desaforo
para casa”.
Distorções sempre ocorrerão em função do
mercado financeiro. Em tempos de fartos
rendimentos, alguns profissionais arriscam largar seus empregos para virarem
pequenos especuladores. Ou simplesmente
expõem boa parte de seus patrimônios ao risco desnecessário. É o direito de cada um exercer estas opções,
mas o índice de fracassos não é baixo nestes casos. De novo, quantas pessoas perderam tudo ou
quase tudo na crise de 2008? O direito a
ser inconsequente é uma liberdade que conquistamos e não podemos perder.
O mercado financeiro não é uma entidade
maligna, mas tem seus problemas de personalidade sim. Uma vez uma consultora de investimentos
definiu esta personalidade como bipolar.
Eu diria que o mercado financeiro é impulsivo, muitos vezes aventureiro,
mas é também rancoroso. Quando em 1989,
Lula prometeu o caos financeiro com suas propostas absurdas, o que nos levou a
eleger um presidente despreparado e aventureiro, o mercado financeiro não
esqueceu tão fácil destas promessas. Foi
preciso de muito marketing, esforço e mudança de postura para convecer o
mercado financeiro que as promessas de 1989 seriam substituídas por uma
política econômica séria. O resultado foi que o mercado
financeiro passou a nos olhar com bons olhos e ganhamos até grau de investimento. Nada como responsabilidade e respeito ao
dinheiro alheio para que negócios viessem para estas terras trazer mais
empregos e mais rendas.
Mas o mercado financeiro carece às vezes de
inteligência, de novo vide 2008, e não percebeu que há tempos que as coisas
estavam degringolando. Em 2010, elegemos
uma das pessoas mais ineptas possíveis para a presidência. Alguém que sabe menos do que Mercadante e
Mantega sobre economia, mas acha que sabe mais do que todos sobre o assunto. Foram
cometidos absurdos que só mesmo os mais crédulos acreditariam que poderiam dar
certo. O resultado é que o mercado
financeiro deixou de acreditar em nós.
Não respeitamos o dinheiro alheio, o capital levou desaforo e agora os
investidores não nos olham mais com bons olhos.
Podemos perder até o grau de investimento no médio prazo, ou até
curto. Fica a pergunta para o
Mercadante, com que dinheiro serão gerados ou até mantidos os empregos e a
renda do trabalhador? Não vai ser com
aquele dos investidores cansados de serem demonizados e destratados aqui. Estes vão para outro lugar que são
respeitados, gerar empregos e renda lá.
Para trazer estes investidores de volta, vamos precisar mais do que
Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, precisaríamos de Dilma Rousseff
administrando de novo uma loja de R$1,99 onde causaria bem menos estragos do
que atualmente.
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