Pedro não foi o filho primogênito, na verdade
teve dois irmãos que morreram antes de ele nascer, mas foi o que assumiria os
negócios do pai no futuro. Além dos
irmãos, Pedro teve quatro irmãs. Seu pai
ficou viúvo quando Pedro tinha um ano e casou de novo, casamento que rendeu a Pedro
outra irmã. Mas nesse tempo seu pai
manteve casos extra-conjugais com outras mulheres e teve mais 6 filhos com 3
amantes. Órfão de mãe, Pedro ainda
sofreria um outro golpe duro ao ver seu pai lhe abandonar aos 5 anos de idade,
que por vontade própria partiu para cuidar de interesses próprios em terras
distantes. Mal conseguiu se despedir de
seu pai que veio a falecer quase 3 anos depois.
Ao invés de brincar com outras crianças, Pedro teve que assumir os
negócios do pai.
É claro que por ter 5 anos, Pedro foi auxiliado
por alguns amigos e colegas de seu pai, entre eles uma simpática mulher,
Mariana de Verna, que Pedro formou um dos poucos laços afetivos durante a sua
infância e sempre se referiu a ela como “Dadama”. A rotina de Pedro era intensa, quando não
estava aprendendo o ofício de seu pai, estava estudando. A sua rotina o isolava de amigos e inclusive
de suas irmãs, sendo que uma delas, Paula, faleceu 2 anos após o abandono do
pai. Quem o conheceu, o retratava como
uma criança triste e solitária, que chorava com frequência e que era de difícil
agrado.
Na ausência do pai, os negócios da família não
iam bem. José Silva, homem de confiança
do pai, foi encarregado de cuidar destes negócios e de criar Pedro, mas não
perdurou nesta função por muito mais que 2 anos. Ele era autoritário e se indispôs rápido com
Dadama e outros, sendo substituído por Manuel Andrade, alguém que não tinha a
inteligência de José, mas de mais fácil trato.
Após 2 anos, outro tutor Diogo Antônio assumiu o posto, mas durou outros
quase 2 anos deixando Pedro aos cuidados de Pedro Lima. Este também não era exatamente um tutor dos
mais bem quistos e seus rivais se articulavam para derrubá-lo junto com o seu
grupo.
Apesar das tragédias familiares, do abandono de
seu pai, o isolamento das irmãs e de outras crianças, a dura realidade de
assumir uma responsabilidade enorme quando muito jovem, Pedro era considerado
um adolescente de caráter e responsável.
Quando os negócios do pai estavam cada vez mais turbulentos, Pedro foi
solicitado para assumir o comando. É
claro que a noção da enorme responsabilidade que viria com a emancipação ainda
não era bem compreendida por Pedro, mas perguntado sobre o que queria, ele não
titubeou e tomou a frente dos negócios.
Tinha 15 anos quando isto ocorreu.
Claro que Pedro de Alcântara não era pobre, não
se tem relatos que era abusado pelo pai ou outro adulto, e indagado
posteriormente sobre sua decisão de assumir antecipadamente o trono brasileiro,
Dom Pedro II falou que foi manipulado graças a sua inexperiência e
imaturidade. Independente disso, Dom
Pedro II teve uma infância difícil o que o tornou uma pessoa amarga, mas não o
transformou em um tirano ou em um psicopata.
Mesmo se julgando inexperiente e imaturo, Dom Pedro II conseguiu dar
estabilidade política após um período tumultuado com direito a várias rebeliões
eclodindo Brasil afora. Alguns
historiadores o consideram o maior brasileiro de todos os tempos, o que não é
uma unanimidade. De qualquer maneira, é
inegável o legado que Dom Pedro II deixou para o Brasil, firmando este como uma
nação única apesar do vasto território.
Quase 175 anos depois da emancipação de uma
adolescente para assumir um dos maiores, senão o maior “rabo de foguete” deste
país, o congresso discute a questão da maioridade penal. Como assim?
Em 1841 a população aclamou a ascensão do jovem imperador, e em 2015 87%
dos brasileiros são a favor da redução desta maioridade penal. Quer dizer que os adolescentes da época do tumultuado
início do império brasileiro eram mais maduros e preparados que os atuais? Houve uma involução social no qual estes
adolescentes se tornaram pessoas inaptas de terem caráter, responsabilidade e
empatia? Claro que não. Notadamente houve enorme avanço na estupidez
e na hipocrisia de alguns sociólogos, educadores, artistas picaretas e outros
que julgam que alguém como o Champinha algum dia vai poder se redimir e se
tornar um cidadão de bem. A maioria
esmagadora da população sabe que crueldade e sadismo são traços que
infelizmente não desaparecem quando se completa 18 anos e nem ascendendo
socialmente e economicamente na vida.
Aliás, quando Champinha foi preso, vários populares, que não aparentavam
nem um pouco serem sócios do Pinehiros ou Paineiras, quiseram linchá-lo.
Os políticos de partidos de esquerda ou
progressistas realmente mostram estar completamente desconectados da realidade
brasileira. Se apegam a teorias do bom
selvagem, como as de Jean Jaques Rousseau, e demonstram uma complacência enorme
com jovens que apesar da idade, são capazes como qualquer adolescente, sabem
muito bem a consequência de seus atos. É
claro que com 16 anos, muitos somos incapazes de tomar decisões sábias, mas são
cientes dos limites que uma sociedade civilizada tolera. Os que votaram contra a redução da maioridade
penal deveriam ter ido na escola para estudar História do Brasil e entender sim
que adolescentes são capazes de serem responsáveis, mesmo sem muita maturidade
e experiência. Espero que Dom Pedro II
não esteja se revirando em seu túmulo.