sexta-feira, 3 de julho de 2015

A Triste Infância de Pedro



Pedro não foi o filho primogênito, na verdade teve dois irmãos que morreram antes de ele nascer, mas foi o que assumiria os negócios do pai no futuro.  Além dos irmãos, Pedro teve quatro irmãs.  Seu pai ficou viúvo quando Pedro tinha um ano e casou de novo, casamento que rendeu a Pedro outra irmã.  Mas nesse tempo seu pai manteve casos extra-conjugais com outras mulheres e teve mais 6 filhos com 3 amantes.  Órfão de mãe, Pedro ainda sofreria um outro golpe duro ao ver seu pai lhe abandonar aos 5 anos de idade, que por vontade própria partiu para cuidar de interesses próprios em terras distantes.  Mal conseguiu se despedir de seu pai que veio a falecer quase 3 anos depois.  Ao invés de brincar com outras crianças, Pedro teve que assumir os negócios do pai. 

É claro que por ter 5 anos, Pedro foi auxiliado por alguns amigos e colegas de seu pai, entre eles uma simpática mulher, Mariana de Verna, que Pedro formou um dos poucos laços afetivos durante a sua infância e sempre se referiu a ela como “Dadama”.  A rotina de Pedro era intensa, quando não estava aprendendo o ofício de seu pai, estava estudando.  A sua rotina o isolava de amigos e inclusive de suas irmãs, sendo que uma delas, Paula, faleceu 2 anos após o abandono do pai.  Quem o conheceu, o retratava como uma criança triste e solitária, que chorava com frequência e que era de difícil agrado.

Na ausência do pai, os negócios da família não iam bem.  José Silva, homem de confiança do pai, foi encarregado de cuidar destes negócios e de criar Pedro, mas não perdurou nesta função por muito mais que 2 anos.  Ele era autoritário e se indispôs rápido com Dadama e outros, sendo substituído por Manuel Andrade, alguém que não tinha a inteligência de José, mas de mais fácil trato.  Após 2 anos, outro tutor Diogo Antônio assumiu o posto, mas durou outros quase 2 anos deixando Pedro aos cuidados de Pedro Lima.  Este também não era exatamente um tutor dos mais bem quistos e seus rivais se articulavam para derrubá-lo junto com o seu grupo.

Apesar das tragédias familiares, do abandono de seu pai, o isolamento das irmãs e de outras crianças, a dura realidade de assumir uma responsabilidade enorme quando muito jovem, Pedro era considerado um adolescente de caráter e responsável.  Quando os negócios do pai estavam cada vez mais turbulentos, Pedro foi solicitado para assumir o comando.  É claro que a noção da enorme responsabilidade que viria com a emancipação ainda não era bem compreendida por Pedro, mas perguntado sobre o que queria, ele não titubeou e tomou a frente dos negócios.  Tinha 15 anos quando isto ocorreu.

Claro que Pedro de Alcântara não era pobre, não se tem relatos que era abusado pelo pai ou outro adulto, e indagado posteriormente sobre sua decisão de assumir antecipadamente o trono brasileiro, Dom Pedro II falou que foi manipulado graças a sua inexperiência e imaturidade.  Independente disso, Dom Pedro II teve uma infância difícil o que o tornou uma pessoa amarga, mas não o transformou em um tirano ou em um psicopata.  Mesmo se julgando inexperiente e imaturo, Dom Pedro II conseguiu dar estabilidade política após um período tumultuado com direito a várias rebeliões eclodindo Brasil afora.  Alguns historiadores o consideram o maior brasileiro de todos os tempos, o que não é uma unanimidade.  De qualquer maneira, é inegável o legado que Dom Pedro II deixou para o Brasil, firmando este como uma nação única apesar do vasto território.

Quase 175 anos depois da emancipação de uma adolescente para assumir um dos maiores, senão o maior “rabo de foguete” deste país, o congresso discute a questão da maioridade penal.  Como assim?  Em 1841 a população aclamou a ascensão do jovem imperador, e em 2015 87% dos brasileiros são a favor da redução desta maioridade penal.  Quer dizer que os adolescentes da época do tumultuado início do império brasileiro eram mais maduros e preparados que os atuais?  Houve uma involução social no qual estes adolescentes se tornaram pessoas inaptas de terem caráter, responsabilidade e empatia?  Claro que não.  Notadamente houve enorme avanço na estupidez e na hipocrisia de alguns sociólogos, educadores, artistas picaretas e outros que julgam que alguém como o Champinha algum dia vai poder se redimir e se tornar um cidadão de bem.  A maioria esmagadora da população sabe que crueldade e sadismo são traços que infelizmente não desaparecem quando se completa 18 anos e nem ascendendo socialmente e economicamente na vida.  Aliás, quando Champinha foi preso, vários populares, que não aparentavam nem um pouco serem sócios do Pinehiros ou Paineiras, quiseram linchá-lo.


Os políticos de partidos de esquerda ou progressistas realmente mostram estar completamente desconectados da realidade brasileira.  Se apegam a teorias do bom selvagem, como as de Jean Jaques Rousseau, e demonstram uma complacência enorme com jovens que apesar da idade, são capazes como qualquer adolescente, sabem muito bem a consequência de seus atos.  É claro que com 16 anos, muitos somos incapazes de tomar decisões sábias, mas são cientes dos limites que uma sociedade civilizada tolera.  Os que votaram contra a redução da maioridade penal deveriam ter ido na escola para estudar História do Brasil e entender sim que adolescentes são capazes de serem responsáveis, mesmo sem muita maturidade e experiência.  Espero que Dom Pedro II não esteja se revirando em seu túmulo.