Em 1953, foi publicado o livro O Fim da Infância do autor britânico
Arthur C. Clarke que narra a estória da chegada de alienígenas ao nosso planeta
e as consequências finais terríveis decorrentes deste contato. Os
alienígenas, conhecido como os Overlords,
aparecem no ápice da Guerra Fria com a humanidade se preparando para se
destruir por completo, sim estivemos bem perto disso, e impedem esta
destruição. A Terra passa a ser tutelada
pelos visitantes que inicialmente oferecem várias vantagens como o fim do apartheid, das touradas e um período de
paz ímpar na história da humanidade. O
livro termina com a raça humana deixando de existir após décadas de jugo alienígena
quando os Overlords transformam a
última geração de crianças em seres telepatas desprovidos de humanidade que vão
se juntar ao Overmind, uma consciência
única formada de civilizações extintas na galáxia a quem os Overlords serviam. Os últimos capítulos do livro são
simplesmente tétricos e melancólicos.
Algumas interpretações podem ser
feitas sobre esta obra de um dos principais autores de ficção científica da
história, mas a minha é que há um preço alto a se pagar quando somos tutelados em
consequência de não sabermos tomar as decisões necessárias para gerir nossas
vidas. No caso da Guerra Fria, esta “esfriou”
em 1991 quando a União Soviética se desmantelou resultado de anos de devastação
socialista na economia do Segundo Mundo.
Atualmente, quando vejo Trump e Putin no poder, indago se os Overlords estariam próximos a se
revelarem a nós.
Mas a incapacidade de
auto-gerência não é só aplicável à paz mundial e sim a de se manter uma
sociedade economicamente estável. A
infinita e extraterrestre incompetência do governo Dilma em gerir o país e a
conivência de boa parte da população brasileira em eleger e reeleger Dilma
devastou a economia do país. O resultado
é um déficit público assustador capaz de arruinar as futuras gerações
brasileiras e a única maneira de sair desta situação é o Brasil como um todo se
unir e aceitar os sacrifícios necessários que devem ser feitos. A Reforma da Previdência proposta é o mais
importante destes sacrifícios que devem ser feitos, caso isto não seja feito
este déficit não será revertido.
Infelizmente, não há a consciência de boa parte da população brasileira
da gravidade da situação e das consequências da manutenção das atuais regras da
previdência.
Debates resultantes deste tema giram
em torno da “supressão de direitos” do povo, como se a atual crise não suprimisse
estes mesmos direitos, e até mesmo a teses de contabilidade criativa tentando
nos convencer que a crise previdenciária não existe. Castas
do funcionalismo público brasileiro de número reduzido, mas com muito poder de
se fazerem ouvidas, estão preocupadas com o fim de seus privilégios e não se
importam que o resto da população tenha que arcar com os custos destes
privilégios. Enquanto isto, boa parte
dos trabalhadores são obrigados a contribuir ao INSS e não só com o que é
descontado do salário bruto, mas também com outros encargos impostos ao
empregador e que são esquecidos na conta final. Ao se aposentarem receberão
menos do que contribuírem.
Faço então a pergunta que o
Brasil como um todo deveria estar fazendo: por que precisamos do governo
gerindo a nossa previdência? O INSS
deveria existir? Quando olho para meu holerite
e vejo o quanto o governo confisca do meu salário sob o eufemismo de
contribuição, lembro que eu poderia gerir melhor este dinheiro do que o governo. O principal motivo para isto é que tenho
interesse em fazer este dinheiro render muito mais do que qualquer governante
ou burocrata terá. Alguém poderia dizer
que a minha contribuição é necessária para aqueles mais desfavorecidos se
aposentarem. E mais uma vez o país segue
atolado em políticas assistencialistas que não reduzem e sim perpetuam a
pobreza. Se aplicasse em um fundo de
renda fixa ou caderneta de poupança, poderia obter uma melhor renda no futuro
do que tendo o dinheiro “confiscado”. É
mais do que conhecido que o regime previdenciário brasileiro deveria ser de
capitalização e não de contribuição, isto é a aposentadoria é fruto do quanto
se poupou e não de um confisco da produção das gerações mais novas. Quem quiser aposentar no “ápice da velhice”
aos 45 anos que faça isso ganhando dinheiro suficiente para se sustentar pelo
resto de sua vida e não metendo a mão no bolso alheio.
Qualquer estudo demográfico mais
simplório é capaz de escancarar que a situação piorará e muito se as regras da
previdência não forem alteradas. O
envelhecimento da população brasileira e mundial é um fato consumado e a
passividade diante disto resultará em um desastre anunciado. Portanto, estas gerações mais novas que
sofrem confiscos terão seus direitos de saúde, segurança e educação subtraídos para
que se mantenham privilégios de uma geração anterior. O argumento que é necessário trabalhar 49
anos para conseguir uma aposentadoria integral é em seu âmago risível. Quer dizer que alguém que trabalhe 49 anos
não foi capaz de gerir o seu sustento para que pudesse ter recursos próprios
para se sustentar? Recomendo àqueles que
reclamam disto conversarem com seus respectivos gerentes de banco para
contribuírem (voluntariamente) com um plano de previdência privado. São investimentos ruins, mas que podem dar um
retorno digno e merecido no futuro, em um tempo mais curto que 49 anos.
O que me choca nesta celeuma
absurda toda é que o brasileiro exige cada vez mais uma tutela maior do estado
sobre nossa vida, e uma tutela nociva. Tirando
um punhado de liberais que sabem somar e subtrair, além daqueles que pertencem
às castas privilegiadas que usam os conhecimentos de aritmética em benefício
próprio, o que me parece é que o resto da população dá uma declaração de
incompetência de gerir as próprias finanças.
Se não souberem vão ter que aprender de alguma maneira, ou irão arcar
com os resultados desta incompetência.
Ignorância disseminada não pode ser desculpa para se arruinar o país
como um todo. Enquanto não tivermos
controle sobre nossas decisões e pedirmos tutela de outros, os Overlords que habitam Brasília, que como
já disse é um mundo existente em outra dimensão, continuarão trabalhando para
ceifar em um futuro muito próximo as nossas futuras gerações. O Brasil precisa virar adulto.