sábado, 12 de abril de 2014

A Pessoa Errada no Lugar Errado

Em 1996, o Flamengo no auge da estratégia de contratar por critérios de marketing e não por critérios técnicos, contratou os atacantes Marques e Amoroso para o time que já contava com Sávio e Romário.  O time até ganhou o campeonato carioca de maneira invicta, mas a eliminação na semifinal da Copa do Brasil era um prenúncio que o time iria falhar miseravelmente no Campeonato Brasileiro, quando já não tinha esses 4 jogadores juntos.  Para escalar todos estes atacantes, o técnico Joel Santana é claro que recuava 2 para o meio de campo, que ficava capenga de um bom armador.  Mas o importante era fazer o “oba-oba” em torno das contratações para alegrar a torcida que estava profundamente irritada com o “Melhor Ataque do Mundo” de 1995, com Sávio, Romário e Edmundo.  É claro que a torcida ficou mais irritada ainda com os pífios resultados do Flamengo no segundo semestre de 1996.

Sempre que eu ouço que Joaquim Barbosa deveria se candidatar, penso que vão colocar a pessoa errada no lugar errado.  Ao contrário do Flamengo de 1996, quando sobravam bons atacantes e faltavam bons meio-campistas, o Brasil carece de um bom presidente, mas tem um bom juiz no STF.  Para que colocá-lo em um lugar onde os defeitos de Barbosa irão ser acentuados e suas virtudes escondidas?  Quando a “torcida” pede por Barbosa na presidência, eu não me preocupo, pois é uma expressão da frustração com o Poder Executivo, mas enquanto Barbosa não dava uma negativa contundente às perguntas sobre suas intenções presidenciais, eu me preocupava.  Pelo visto agora o problema fica para 2018.

Primeiro, Barbosa já mostrou uma veia autoritária e pior já teve seus episódios de destempero.  Nossa atual presidente é autoritária e destemperada, entre outros defeitos, e o que consegue com esta atitude é alienar sua equipe.  E para quem já teve que lidar com chefe carrasco, sabe que no momento que se aliena os subordinados, perde-se a comunicação com a base e a chefia acaba sendo a última a saber das coisas.  E pior, ninguém é capaz de alertar a chefia dos equívocos, pois ou são repreendidos ou são afastados.  Dilma já passou por isto e não aprendeu a lição.  O líder do Poder Executivo tem que ter metas claras para economia, saúde, educação, segurança, meio-ambiente, relações internacionais, etc.  De preferência tentar atingir estas metas com bem menos que 39 ministérios.  Quais são as metas de Barbosa para estas áreas?  Ninguém sabe.  E mesmo que ele tenha metas e que sejam boas metas, não consigo enxergar Barbosa liderando uma equipe sem aliená-la ou se indispor irreversivelmente com qualquer um que discorde dele.

Segundo, todos nós precisamos ter a consciência, mesmo que tarde, que não é só o Poder Executivo que é importante, e sim o Legislativo e o Judiciário também.  Preocupa-me a entrada de Luís Roberto Barroso no STF torne a entidade máxima do Poder Judiciário uma entidade ideológica que siga a “consciência” de seus membros e na pior das hipóteses do Gilberto Carvalho.  O STF tem que se ater às leis do país e não aos interesses de partidos.  Um país onde a entidade judicial máxima não respeita as leis é um país condenado ao declínio.  Se as leis são injustas, cabe ao Legislativo reparar isto.  Barbosa já demonstrou que sabe qual é a função de um juiz, haja vista sua participação no julgamento do mensalão.  O STF precisa de Barbosa e o país precisa de Barbosa no STF.

Na verdade, boa parte dos brasileiros é desiludida com os atuais (e os futuros também) políticos e quer acreditar que qualquer um que mostre retidão pode ser o salvador da pátria.  Esquecem que o presidente na verdade não apenas precisa mostrar ter retidão, mas sim liderança e objetivos claros para o país.  Alguns torcedores aplaudiram e comemoraram as contratações do Flamengo em 1996, mas os resultados causaram rapidamente uma profunda desilusão.  Joel Santana no segundo semestre de 1996 chegou até a escalar o zagueiro Júnior Baiano no ataque (!).  Joaquim Barbosa não é centroavante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário