Credibilidade é algo que se conquista a duras
penas e se perde rápido se não se tomar cuidado. Quem não entende isso, sofre as consequências
durante a vida. As nações também precisam
ter credibilidade, não só dos seus líderes mas principalmente de seu povo. O maior mal da democracia é que se o povo
escolhe mal, a credibilidade da nação, do povo e dos líderes é afetada. Lá no final da década de 1980, o país se
encontrava em caos financeiro tendo um panorama de hiperinflação, dívida
externa astronômica e algo que poucos comentam que era um duradouro e danoso
déficit fiscal. Qualquer país que não
queira sofrer com inflação e endividamento, tem que atacar o déficit fiscal,
pois esses dois problemas são decorrentes do déficit. O governo também pode aumentar impostos, como
está fazendo agora, para atenuar este problema, mas há um limite para se cobrar
impostos e após um ponto a arrecadação diminui, algo que muitos em vários
governos parecem esquecer.
A real solução para reduzir o déficit e
transformá-lo em superávit é o controle das contas públicas, não há outra maneira
e qualquer outra alternativa é enrolação.
O histórico do Brasil desde o fim da ditadura militar é do uso de
inflação, endividamento e aumento de impostos para tapar os rombos. Com o Plano Real a inflação, pelo menos a
hiperinflação, deixou de ser uma opção e para se diminuir os custos a
administração de Fernando Henrique Cardoso acelerou as privatizações o que
trouxe o benefício de gerar caixa.
Vender ativos, ainda mais aqueles que dão prejuízos, é sempre necessário,
mas seu efeito é de duração limitada. Como
a administração FHC, apesar de ter em momentos intuitos de reduzir custos não
foi bem sucedida neste objetivo, então teve que passar o chapéu para conseguir
empréstimos.
Quando alguém precisa coibir déficits pessoais,
este não tem como emitir dinheiro, e se conseguir estará infringindo a lei
falsificando dinheiro, ou cobrar impostos, a não ser que infrinja de novo a lei
roubando dinheiro alheio. Então sobram
as opções de vender ativos ou pedir dinheiro emprestado. Como venda de ativos nem sempre é possível, o
jeito é apelar para empréstimos. Os
possíveis credores sempre olharão o histórico de crédito do futuro devedor e
também a capacidade do sujeito ter como pagar o empréstimo, isto é em um dado
momento o devedor tem que ser superavitário e não deficitário. Ninguém consegue chegar em um banco bufando e
proferindo retóricas e obter um empréstimo a juros camaradas sem demonstrar que
conseguirá honrar os empréstimos. Se
conseguir pode desconfiar da instituição que emprestou os recursos! E não levo em conta os empréstimos feitos por
amigos e familiares pois estes muitas vezes são na verdade doações onde nunca
mais se verá o dinheiro cedido.
Pois bem, quando o Brasil precisava de socorro,
tínhamos a nossa reputação arranhada.
Havíamos declarado moratória no final do governo Sarney e a então
oposição feita pelo PT e seu líder Lula alardeava sempre que possível que a
solução para o Brasil era o calote. Quem
em sã consciência emprestaria dinheiro para nós com este panorama? Para isso servia o FMI, uma instituição
multinacional com o propósito de socorrer nações em desespero. Obviamente esse dinheiro viria com um preço
que era o escrutínio das contas brasileiras por parte dos credores. Entre as várias exigências estão a
apresentação de um superávit primário, que nossos governos só conseguem ou
aumentando impostos ou cortando os gastos com investimentos, pois ai de quem
mexer na máquina gorda e lenta do governo.
O problema para o devedor é o constrangimento
público deste escrutínio. É o orgulho
ferido de quem esbanja mas não tem como arcar com a opulência. Como diria Lobão, o músico, é Décadance avec Élégance. No ocaso de seu mandato, FHC começou a ser
atacado por se submeter aos “caprichos” do FMI.
Segundo o ultra populista Lindberg Farias, estávamos se curvando a
engravatados que trabalhavam em escritórios com ar condicionado.
E então veio Lula e a euforia tomou conta deste
país nos primeiros anos da administração lulopetista. Como Lula, para nossa sorte, não deu o
alardeado calote na dívida brasileira pois não era um completo irresponsável, a
reputação brasileira perante o mercado financeiro melhorou e foi possível se
trocar nossa dívida do FMI por a de outros credores, sendo que alguns imagino
eu cobrem juros maiores pois antes de 2008 o Brasil não possuía grau de investimento. O problema do déficit fiscal no início do
lulopetismo era algo a ser atacado, pelo menos para o ministro da fazenda
Antônio Palocci. Como este sucumbiu a
vários escândalos de corrupção, a condução da política econômica foi passada
para Guido Mantega, um economista com incrível capacidade de fazer previsões
furadas e elaborar medidas equivocadas.
Mas o país naquele instante vivenciava os louros do período
quase-malthusiano em que nossas commodities
eram vendidas a preço de ouro para financiar o esbanjamento do lulopetismo e
sua corrupção. A propaganda e a euforia
fizeram com que a população não se desse conta que nossa dívida externa não está
paga.
Agora, o rei está nu. Quem não viu que as contas do Brasil estão em
situação calamitosa, está vendo muito claramente isso. No lugar de Mantega, veio Joaquim Levy, o
homem com perfil que o mercado pedia. O
Brasil está sob o escrutínio de todo o mundo financeiro. Não estamos devendo para o FMI então não
precisamos apresentar superávit primário para este, mas à priori temos de
mostrar isso para as agências de risco como Moody’s, Standard & Poor e
Fitch, que tem histórico questionável pois erraram em suas previsões quase
tanto como Mantega. Já está difícil
rolar a dívida brasileira, os investidores estão cautelosos, para não dizer
receosos, com o Brasil e o vácuo que impera no executivo brasileiro. O ajuste fiscal que Levy enfiou goela nossa
abaixo é o preço da irresponsabilidade de se promover uma verdadeira farra com
o dinheiro do contribuinte. É pior do
que aqueles que o FMI exigia, pois esse ajuste não inclui frear essa farra do
governo com 39 ministérios e afins. Não
adianta alardear que somos credores do FMI pois isso só ilude os mais tolos
orgulhosos xenófobos que se preocupam mais com aparência do que substância.
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