Recentemente, o americano Mark Manson fez um
razoável sucesso e barulho nas redes sociais ao publicar uma carta aberta aos
brasileiros relatando no seu entendimento o porquê da antiga Terra de Santa
Cruz não dar certo e de nossas tentativas de vôos de águia se transformarem em de
galinha. Lista entre os problemas de nós
brasileiros o desrespeito às regras e a complacência com aqueles que
desrespeitam as regras, e também cita até a vaidade como um desses problemas,
uma vez que nós brasileiros gastamos nossos recursos e tempo em adquirir bens
caros sem necessidade. Realmente, esse
último item é verdadeiro, pois nos EUA por preços muito mais acessíveis podemos
comprar estes mesmos bens desnecessários.
Pode-se rebater os argumentos de Manson, mas no fundo sabemos que muito
do que ele escreveu é verdade apesar de suas conclusões serem um pouco
exageradas e incompletas ao meu ver.
À medida que as páginas policiais ditam o rumo
de nossa política e economia, o Brasil tem se unido para apear do poder a
quadrilha que lá se instalou e tirar a economia do fundo do poço. Aliás, este é um poço que Dilma insiste em
cavar para nos afundar mais ainda. É
provável que consigamos expurgar a encarnação viva da incompetência que habita
o Palácio da Alvorada, e que isso traga um alívio momentâneo para nossa
combalida economia resultando em maior geração de empregos, menos inflação e
menor recessão, mas o que impede de nós continuarmos aumentando este poço? Para responder isto, o brasileiro deve tentar
entender como chegamos até aqui.
Manson afirma que toleramos a desonestidade
alheia e endêmica desta terra, o que poderia explicar o porquê de tantos
políticos serem corruptos. Embora
políticos corruptos não sejam exclusividade do país, aqui temos uma categoria
de políticos corruptos resilientes de fazer inveja a qualquer outro país. Renan Calheiros e Paulo Maluf são provas
vivas que de norte a sul deste país meter a mão no dinheiro público
com frequência não resulta em punições eficazes da justiça e nem em reprovação pública. Porém, nada se compara a reeleição de Lula
em 2006 após o escândalo do Mensalão.
Isto é uma mácula na história brasileira no qual o povo brasileiro não
pode culpar ninguém mais além de si próprio.
Usando de uma lógica que alternava entre a ignorância consciente e o
mais puro cinismo, o eleitorado brasileiro não condenou nas urnas Lula. A aprovação de um político complacente, para
não dizer participante, com um escândalo de corrupção daquela magnitude foi o
sinal verde para que a administração do PT avançasse mais ainda encima do
patrimônio brasileiro. Mas mesmo assim a
opinião pública aprovou e celebrou a condenação dos demais envolvidos no
Mensalão numa demonstração de incoerência.
Lula é dotado de uma esperteza incomum e um
carisma singular, o que infelizmente ele usou para eleger Dilma em 2010. Esta é uma pessoa com um carisma de um
morcego e uma liderança de um rinoceronte.
E mesmo com a economia desandando, o brasileiro decidiu reeleger Dilma
em 2014. Como? As promessas de campanha de Dilma eram tão absurdas
que uma análise simples mostrava que o país estava na beira do precipício. Será que o brasileiro é tão crédulo assim
para acreditar em um populismo do mais rasteiro possível?
Aí entra minha percepção dos verdadeiros
problemas do Brasil. Somos um povo que
acreditamos em milagres, principalmente se eles vierem do governo. Esse é para nós uma entidade mística que do
éter pode transformar pobreza em riqueza.
Se não faz isso é porque se interessa em defender os interesses dos
ricos. E é claro, no Brasil acredita-se
que a pobreza é resultante da exploração dos pobres pelos ricos. Enquanto um empresário que gera negócios e
empregos for visto como um explorador da massa operária, o país estará
condenado à estagnação. Afinal qual o
investidor vai querer abrir um negócio, com risco de ser associado a um
vilão? Mais fácil ser especulador ou
investir em negócios em outro lugar. O
PT soube e sabe explorar essa percepção equivocada, resultando em vitórias
eleitorais. A inépcia crônica e
vergonhosa da oposição fez com que até a reeleição de Dilma o PT fosse o
partido dos pobres e os outros demais os partidos dos ricos exploradores.
Mas o que é chocante é que a percepção
equivocada da situação não foi exclusiva da população mais pobre e humilde, ela
foi compartilhada por uma considerável parcela de pessoas mais instruídas. E até mesmo pelo mercado financeiro, afinal foi
após o Mensalão, em 2008, que a bolsa atingiu 72 mil pontos, patamar jamais
repetido, ganhamos grau de investimento, mostrando como as agências de risco
são pouco confiáveis, o dólar atingiu um patamar de quase R$1,55, mostrando que
até o estrangeiro é equivocado, e a The Economist mostrou o Brasil
decolando. É claro que o mercado
financeiro e a The Economist em 2014 tinham revisto por completo a opinião da
administração petista, mas isso demonstra como na teoria instituições mais
esclarecidas são capazes de menosprezar o efeito nocivo de
políticas populistas comandadas por pessoas e organizações com objetivos
escusos.
A euforia que assolou o país durante o governo
Lula cegou os lúcidos, resultando na nossa incapacidade de reconhecer que era
insustentável a manutenção da verdadeira farra promovida então. Quando se demos conta que beirávamos o
precipício, faltou a oposição ser mais incisiva e altiva para minar a campanha
de Dilma em 2014. A vitória dela foi
apertada, mas ela ocorreu para a mais completa desgraça brasileira.
Agora o Brasil luta para não sucumbir à
tempestade que nos assola, luta para o país não regredir quase 30 anos em
termos econômicos e luta para que os corruptos de plantão tenham a punição
merecida. Quando Collor foi destituído
em 1992, lutávamos pelas mesmas coisas e em 10 anos colocamos um dos políticos
mais corruptos e nefastos no poder. O PT alega que a corrupção é uma senhora antiga. Na verdade, o PT não inventou a corrupção, mas ele é fruto de nossa permissividade com práticas pouco éticas com a coisa pública. Esse
é um momento de reflexão que o país deve passar por, para que nunca mais
façamos o mesmo erro. Para isso é
necessário admitir que o povo brasileiro errou e identificar o que temos de
mudar.
Concordo com tudo que foi dito e acrescento, para esse país mudar somente com muita educação, muito esforço para educar as próximas gerações e ainda mais educação para quem já está trabalhando no sistema!
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