O oxigênio é o segundo gás mais abundante na
atmosfera terrestre. O átomo de oxigênio tem número atômico 8 e massa atômica 16. Ele
compõe cerca de 23% em massa da atmosfera, o que o faz o segundo gás mais
abundante da atmosfera. Sua forma mais comum
é o gás diatômico, O2, mas também é de suma importância para o
planeta o outro alótropo conhecido como ozônio, O3. O oxigênio é extremamente reativo, somente os
gases nobres não combinam com ele, e graças a isso há vida na terra e é
possível fazer fogo para gerar energia térmica.
Os seres vivos dependem do oxigênio para a respiração aeróbia no qual
este gás combina com glicose gerando energia, dióxido de carbono e água. Os combustíveis só reagem desprendendo
energia se haver a presença de um comburente, o oxigênio, para possibilitar a
combustão.
Esses factóides são de conhecimento de quem
terminou o colegial e pensa em ingressar em uma faculdade, especialmente uma de
medicina, ou de engenharia ou até outras.
Pelo menos é o que se espera. Mas
será mesmo que os egressos do ensino básico têm este conhecimento? Na verdade, deveriam até saber em mais
detalhe a química do oxigênio para melhor compreenderem as disciplinas
ministradas em um curso superior. Na
medicina, por exemplo, este conhecimento é necessário para o estudo do sistema
respiratório, e na engenharia para o estudo da combustão. Se o aluno que cursa uma faculdade não tem
este conhecimento dificilmente terá capacidade de acompanhar um curso sério. E aí reside um dos maiores problemas da
educação brasileira que é a crença que o diploma universitário é sinônimo de
conhecimento e garantia para o sucesso.
O aluno ao ingressar em uma faculdade deveria possuir
conhecimento além dos gases que compõe a atmosfera terrestre. Um bom início seria falar português corretamente,
o que nos dias atuais é considerado como um elemento discriminador das camadas
mais humildes que se julgam no direito de conjugar os verbos na 3ª pessoa do
singular mesmo com o sujeito exigindo a 1ª pessoa do plural. Devido à quase falência do ensino público e
aos preços exorbitantes do ensino privado, uma boa parcela de jovens
brasileiros foram e continuam sendo alijados de ensino básico. A solução criada em terras tupiniquins,
apesar de não ser exclusiva ao Brasil, foi a de se “corrigir” este problema
facilitando o acesso ao ensino superior, não necessariamente ao ensino superior
de qualidade. O problema é que este
alijamento resulta em um alto número de aspirantes ao ensino superior
completamente despreparados. A maioria
vai saber que o oxigênio é necessário para a vida, mas se bobear não sabem nem
que nitrogênio é o gás mais abundante na atmosfera.
Na década de 90, foi criada a verdadeira farra
das universidades, sendo que qualquer picareta abria na esquina uma
universidade oferecendo inúmeros cursos de exatas e humanas. Não é um fenômeno exclusivo brasileiro, como
disse, mas o surgimento maciço dessas universidades talvez seja único a este
país. Estas universidades funcionavam ao
melhor “estilo Vampeta” fingindo que ensinavam e os alunos fingindo que
aprendiam. Imprimiam o diploma de pouco
valor, mas o aluno pagava um valor considerável para aquela instituição.
Mesmo os professores universitários sendo os melhores,
eles não vão operar milagres e cabe aos estudantes um mínimo de conhecimento para
poderem acompanharem os cursos. Além do
mais cabe aos estudantes empenho e capacidade de aprendizagem também. Várias universidades particulares têm uma sanha
de maximizar a arrecadação no curto prazo e impõem aos professores metas de
aprovação bem complacentes, o que por sua vez faz despencar a qualidade do
curso. Ao longo prazo isso é péssimo
para a instituição cuja reputação é irreversivelmente destruída. O “Provão”, atual ENADE, foi criado com o
intuito de frear essa escalada de impressoras de diplomas, mas apesar de alguns
cursos e até algumas faculdades fecharem, muitas perduram com a (falta de)
qualidade de sempre.
O FIES, que conseguiu atualmente ser destaque
noticiário pelos motivos errados, era para ser o instrumento que proporcionaria
o acesso a esses excluídos nas faculdades particulares. O custo de uma faculdade particular realmente
é um desafio grande que impossibilita vários de conseguiram cursar uma
faculdade, mas acreditar que este é o único problema é ignorar o problema
maior. Aliás em alguns casos,
empresta-se dinheiro a alguém que não tem condições de cursar uma faculdade, nem
de devolver este empréstimo e quanto mais de aprender...
Mas eis que surge finalmente o ápice do
populismo: garantir vaga em universidades públicas para alunos da rede pública
e de auto-intituladas minorias, as famosas cotas. Pois bem, mesmo com vagas garantidas para estes
“desfavorecidos”, quem garante que eles têm condição de se formarem? A não ser que o nível do curso despenque para
facilitar a aprovação, os cotistas terão um desafio árduo pela frente, pois
terão além de aprender a matéria ensinada na faculdade, como também aquela que
deveriam saber antes de entrar na universidade.
E é neste instante que a qualidade de boas universidades públicas é
colocada em xeque. Resolve-se o problema
de acesso dos “menos privilegiados” minando o nosso problemático ensino
superior. É claro que tanto os
beneficiados pelos atuais critérios frouxos do FIES como pelo sistema de cotas
são potenciais eleitores de governos populistas, como o atual, enquanto que
alunos do ensino básico, que deveriam ser o foco das metas de educação do país,
não são.
A noção que o problema da equalização de
oportunidades para toda a população é simplesmente resolvida com um diploma
universitário não pode ser menos equivocada.
Quem passou por dinâmicas de grupo para vagas de estágio e trainees vai lembrar que os
participantes eram egressos de universidades públicas e das melhores
universidades particulares. Em São
Paulo, nas dinâmicas de grupo que participei estas eram basicamente USP,
UNICAMP, FEI e Mauá. Claro que existem
outras no mesmo patamar de qualidade que estas quatro que citei. Empresas sérias não aceitam profissionais
despreparados, então descartavam qualquer pseudo-formado simplesmente nem os
selecionando na triagem inicial. E se
aceitarem estarão comprometendo a qualidade da própria empresa. Na teoria, ninguém deveria ser obrigado a
contratar profissionais de menos qualificação.
Quem discorda, que então procure um médico mal formado para ser atendido
em caso de emergência.
Na teoria os melhores empregos públicos são
reservados para aqueles que se sobressaem em concursos, mas estes já são alvos
do populismo que também vai criando cotas para repartições públicas. Mesmo assim, é difícil se esperar que alguém
que não tinha condições de ingressar em uma boa faculdade vá conseguir passar
em um concurso concorrido.
A triste verdade é que enquanto não for
compreendido que oportunidades para os mais desfavorecidos serão só
conquistadas quando estes tiverem uma educação básico sólida, a educação
superior estará em xeque. O país carece
de bons profissionais em várias áreas e essa carência não será resolvida com
voluntarismo e muito menos com populismo.
Infelizmente é um trabalho que tem de ser iniciado agora para se colher
frutos daqui a quase 15 anos.
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