segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

A Anti Magna Carta Brasileira



Algumas estórias de ficção científica e até de gibis já especularam sobre a existência de universos paralelos quase iguais a este universo, só que este mundo paralelo seria um espelho do nosso mundo com os princípios e leis invertidos.  A Liga da Justiça, Jornada nas Estrelas e Fringe já adentraram neste universo paralelo.  Nestas estórias, o universo paralelo geralmente é distópico onde a população sofre com a tirania de seus governantes.  O Brasil de Dilma Rousseff parece ter migrado a este universo paralelo com a PLN 36 se formos comparar essa aberração a um dos documentos mais importantes já concenbidos no mundo ocidental que é a Magna Carta inglesa de 1215.

Neste ano de 2015, o Reino Unido irá celebrar 800 anos deste documento, apesar de quase inteiro caduco.  Das suas mais de 60 cláusulas, apenas 4 continuam vigentes, mas são cláusulas importantes que garantem liberdades aos indivíduos e à igreja.  Independente de sua relevância atual ou não, a Magna Carta foi um marco simbólico na história deste país no que diz respeito a impor limites à monarquia inglesa, inclusive no que diz respeito a cobrança de impostos.

Entretanto, o que se perpetuou daquela época, quanda a ilha era reinada por João Sem Terra, foi o mito de Robin Hood.  O rei de acordo com vários historiadores era um sujeito cruel e mesquinho que foi o antagonista da figura mitológica que roubava dos ricos para dar aos pobres.  A lenda de Robin Hood serviu para muitos pilantras justificarem seus atos criminosos em prol de um bem estar universal.  Mesmo que isso passasse por cima de estabilidade jurídica, direito à propriedade e segurança de inocentes.  E são esses pilares de uma sociedade justa que grupos terroristas que promoveram assaltos a bancos passaram por cima.  Uma desses membros de associações criminosas até se tornou presidente desta república!

O que realmente deveria ter sido mais disseminado mundialmente foi que o Arcebispo de Cantebury redigiu a Magna Carta, um documento que serviu como um tratado de paz entre o Rei João e barões rebeldes.  Este documento foi em seguida desrespeitado por ambos os lados e anulado pelo Papa Inocêncio III e demorou mais de 80 anos para ser efetivado, após ter sido revisado.  Entre os itens do tratado estavam limitações à capacidade do rei taxar seus súditos, em suma o rei não podia simplesmente cobrar mais impostos para cobrir seus gastos.  Este princípio é de extrema importância e sustenta até hoje as democracias mais importantes do mundo.  Consequentemente, qualquer líder de uma nação democrática tem que respeitar os limites orçamentários, não pode simplesmente sair gastando e cobrando o que não pode.  Aplicado à realidade econômica, estes líderes não devem também se endividar e imprimir dinheiro além de limites.

No Brasil, criamos a Lei da Responsabilidade Fiscal que impede o governo de gastar mais do que pode.  Foi um dos maiores avanços deste país nos últimos anos que impediu a proliferação de administrações levianas que simplesemente quebravam municípios, estados e até a nação.  Quem sempre pagou pela irresponsabilidade destes administradores foi a população com inflação, impostos e paralisação de serviços essenciais.  O PT foi contra esta lei e os motivos se tornaram claros depois que Dilma assumiu o governo.

Eis que após a eleição veio a bomba que alguns suspeitavam, o governo Dilma gastou mais do que podia.  E escondeu as consequências de sua irresponsabilidade até onde pode.  Quem paga por esta sangria financeira é claro que é a população brasileira, mas de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, Dilma deveria ser resposabilizada, afinal não é porque assumiu a presidência que ela pode estar acima da lei.  O Brasil precisa do exemplo que seus líderes se enquadrem não só na lei mas como em princípios básicos da boa administração.


Mas o que se viu na PLN 36 é justamente o oposto do que foi feito com a Magna Carta.  Apesar do conteúdo desta aberração apenas mudar a meta de superávit, implicitamente cria-se um monstro de dimensões ainda desconhecidas.  Da mesma maneira que leis novas não podem punir retroativamente, elas não devem inocentar retroativamente aqueles que consicentemente transgrediram a constituição.  Os nossos “barões nada rebeldes” rasgaram o equivalente da “Magna Carta” e deram um cheque em branco para Dilma em troca de cerca de R$ 750 mil.  É um custo alto pago pelo executivo para livrar a cara de sua líder, mas o custo mais alto é o que vai ser pago pela população brasileira.  A PLN 36, uma anti-Magna Carta tupiniquim, cria insegurança jurídica, incentiva cada vez mais a chantagem do atual Poder Legislativo brasileiro, premia a incompetência e consagra um governo que a cada ano que se mantém consegue corroer mais as fundações deste país.  Os barões ingleses pagavam impostos à coroa e por isso se rebelaram, os nossos barões recebem dinheiro da nossa “coroa”.  Bem-vindos à realidade do universo paralelo.

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