sábado, 28 de janeiro de 2017

A Desvirtuação dos Protestos


A transição da Idade Moderna para a Idade Contemporânea entre os Séculos XVIII e XIX foi marcada pela industrialização e a adoção do sufrágio universal, pelo menos em boa parte das nações.  Historicamente, essa transição é marcada pela Revolução Francesa em 1789, iniciada com o protesto que culminou com a invasão à prisão da Bastilha, uma revolução burguesa, no qual os produtores da riqueza se revoltaram contra uma elite que nada produzia além de impostos e privilégios.  Revolta também compartilhada do outro lado do Atlântico, na emergente nação americana.  No ano de 1773, houve o Boston Tea Party, um protesto no qual americanos destruíram um carregamento inglês de chá, assim protestando contra as políticas de impostos imposta pelos ingleses nas colônias, entre elas a de Massachusetts, onde Boston é localizada.  Naquela época, os poderes dos colonizadores, déspotas, monarcas e similares não seria cedido aos demais cidadãos sem conflitos.  Além dos EUA e da França, o Reino Unido teve a Revolução Gloriosa em 1688, que é considerada um marco na transição da monarquia absolutista para uma monarquia parlamentar naquela nação.

A história da humanidade é marcada por revoluções, revoltas, insurgências, protestos, levantes e outros.  Nem todas resultaram em mudanças para o melhor.  A própria Revolução Francesa, apesar de marcante, resultou em um novo período de regime absolutista com Napoleão Bonaparte.  Outras resultaram em regimes ainda mais brutais como a Revolução Russa em 1917 e a Iraniana em 1979.  Em 1989, o mundo testemunhou a insatisfação contida dos chineses com os protestos na Praça da Paz Celestial e a brutalidade do governo comunista que massacrou milhares de protestantes. A mais ilustre das vítimas, foi um desconhecido que ficou na frente de uma fileira de tanques num ato em que expressava toda a sua indignação além de um comportamento que ficava entre coragem e insanidade.  Recentemente, protestos na Tunísia, Egito e Líbia culminaram na “Primavera Árabe”, que rapidamente caminha para um “Inverno Árabe”.

Protestos são maneiras da sociedade expressar suas insatisfações e ensejos por mudanças.  As democracias modernas garantem o direito de seus cidadãos protestarem, enquanto nas ditaduras, estes são geralmente repreendidos brutalmente.  Mas isso não quer dizer que todo protesto é por um bom motivo, ou às vezes é bem-intencionado, mas com exigências equivocadas.  Em junho de 2013, os brasileiros protestaram contra o governo.  Fizeram diversas exigências, mas o ponto de partida foi a do aumento das tarifas de transporte público.  Protestar contra este aumento sem entender que era uma consequência de uma política econômica equivocada é miopia.  Os salários de motoristas e cobradores aumentaram, os preços de autopeças subiram, tudo isso causa pressão inflacionária.  Não vi ninguém protestando contra uma política de juros populista que colocou a inflação no teto da meta.  É claro que as empresas de ônibus municipais não são exemplos de eficiência e boa gestão, muito pelo contrário, mas esse aumento nos custos ou é repassado para o usuário, ou para o contribuinte por meio de subsídio da prefeitura, ou isso impacta na capacidade de investimento da empresa.  Mesmo assim, os protestos foram marcantes e como consequência o governo brasileiro cedeu em não aumentar as tarifas e só.  Um ano depois, os brasileiros reelegeram Dilma para implodir de vez a economia do país.  Resumindo, os protestos de junho de 2013 foram espalhafatosos, incômodos e inócuos.

A imprensa tem seu papel em incentivar os protestos na atual história brasileira.  Poucos órgãos em 2013 foram capazes de denunciar que o que o Movimento do Passe Livre exigia não tinha cabimento.  A despreparada polícia paulista reagiu mal aos protestos diante da imprensa e isso foi o combustível necessário para que a população tomasse a rua, junto com os famigerados black blocks.  E aí começa um dos problemas do país que é a permissividade que grupos que atuam à beira da marginalidade, para não dizer a criminalidade, ajam quase impunemente.  Parte da população foi contra a depredação promovida pelos encapuzados, mas poucos denunciaram estes como vândalos truculentos que até mataram um cinegrafista.  E pouco se sabe quem são estes bandidos, como são organizados e como impedir que causem mais terror.  Fica a pergunta, cadê a inteligência da polícia?

O mesmo se aplica a organizações clandestinas que tem notória projeção como o MST e MTST.  O primeiro age quase impunemente há mais de 30 anos invadindo propriedade privada e extorquindo fazendeiros e indústrias.  É uma organização que não tem sequer CNPJ e cujo suporte financeiro é no mínimo escuso.  Se há alguma investigação em prática desta organização, esta é bem ineficiente, pois estes continuam agindo em plena luz do dia cometendo uma série de crimes.  O mesmo pode se dizer do MTST, organização de mesma metodologia e filosofia cujo líder Guilherme Boulos ganha até coluna em jornal de grande circulação.  E aí vem a pergunta, o que impede a polícia de enquadrar esse tipo de organizações?  E o que impede parte da imprensa de denunciar o MST e o MTST como organizações criminosas?

Muito se fala que ir contra o MST e o MTST é criminalizar movimentos sociais, mas não se comenta que as soluções que os dois propões são equivocadas.  No caso do MTST, cujo líder Boulos foi recentemente preso para ser solto em seguida, a solução é invadir qualquer terreno que julgue que deve ser invadido sem se preocupar com o urbanismo ou leis.  É claro que existe um problema de déficit de habitações em São Paulo, mas ignorar que existem problemas como trânsito estrangulado, saneamento básico deficiente e invasões extremamente nocivas em áreas de mananciais é uma agressão aos demais paulistanos e vizinhos.  Os paulistanos elegem prefeito e vereadores para que estes possam gerir a cidade de maneira que todos os cidadãos sejam respeitados, não apenas os militantes do MTST e os simpatizantes de Boulos.

Mas não são só os “organizados” que protestam nesta banda, os desorganizados protestam e tumultuam a torto com enorme complacência das autoridades e um apoio sem sentido de parte da imprensa.  Alunos não gostam que a polícia autue usuários de drogas, invadem reitorias de universidades; sindicalistas são contra mudanças necessárias nas leis trabalhistas, fazem piquetes impedindo trabalhadores de acessarem seus locais de trabalho; sem contar outros tipos de protestos que fecham ruas, depredam patrimônio público ou alheio, queimam pneus, por qualquer motivo tosco.  Os colonos de Boston talvez não conseguissem um impacto tão grande no Século XVIII se não infligissem um dano financeiro e moral à coroa inglesa, mas isso foi em outro momento e em outra época.  Hoje, existe uma democracia vigente (não houve golpe) e os protestos devem respeitar sim os direitos dos demais e as leis existentes.

Infelizmente no Brasil, esses movimentos agem protegidos por um falso escudo moral alegando que protegem os mais humildes dos exploradores.  Estes últimos podem ser o contribuinte ou alguém que juntou dinheiro durante a vida para adquirir uma propriedade e ver o direito desta propriedade ser atacado por pseudomoralistas.  Está na hora desses movimentos sociais e outros protestos feitos por arruaceiros serem denunciados e condenados por serem agressões à democracia e não como defesa da democracia como pregam.  Há quase 250 anos atrás, os protestos eram contra regimes absolutistas e ditatoriais feitos pela sociedade, agora são feitos por marginais simpatizantes de ditaduras contra a sociedade e o cidadão.  Basta ver a foto de Boulos posando ao lado de Raúl Castro, Não é exclusividade do Brasil não enxergar isto, mas agride o brasileiro de bem ver este tipo de desvirtuação seguir impune aqui nessas bandas.

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