quinta-feira, 6 de novembro de 2014

A arrogância sobrepujando a credibilidade



Lamento profundamente o resultado da eleição presidencial de 2014. Não votei em Dilma, mas não contesto sua vitória nas urnas. A não ser que me provem de maneira muito clara que a fraude foi cometida na votação. Vi vários relatos de anormalidades durante a eleição, mas a daí acreditarmos que houve uma fraude perpetrada vai uma distância. Também não acredito que houve uma conspiração executada por americanos para que ocorrossem os ataques de 11 de setembro de 2001, acredito que o homem chegou à lua em 1969, nunca acreditei que compraram a Copa do Mundo da França em 1998, em suma desconfio de teorias da conspiração a não ser quando as evidências sejam muito claras. Podem me chamar de crédulo. Eu penso que se houvesse fraude, ela seria realizada no 1º turno, pois as pesquisas mostravam Dilma quase com o dobro de votos do restante. Porém, as urnas provaram os erros vergonhosos de Ibope e Datafolha entre outros. Ali foi a oportunidade perfeita para a fraude. Portanto, não creio que houve fraude. Tivemos esperança que poderíamos expurgar a nossa atual governante e o resultado adverso faz com que busquemos explicações para a nossa frustração, às vezes essa busca nos leva a equívocos.

A urna eletrônica é um avanço sim. Discordo daqueles que falam que deveríamos usar cédulas de papel como fizemos até metade da década de 90. Qual era a garantia que a cédula de papel oferecia? Mesmo com todos os mecanismos para não se fraudar uma cédula, a tecnologia atual disponibiliza ampla capacidade de falsificar uma cédula. Urnas contendo as cédulas de uma seção poderiam ser trocadas por outras com votos falsificados. A necessidade de se realizar uma apuração rápida atropelaria qualquer diligência mais apurada para conferência de todas as cédulas. A apuração da eleição presidencial americana em 2000 na Flórida serve como lembrete que cédulas de papel são falíveis.

 Porém, como todo brasileiro tenho preocupação sim com a lisura do nosso processo eleitoral. São vários relatos feitos pelo Brasil inteiro de eventos no mínimo estranhos. A percepção desta lisura ficou arranhada e é o momento de se esclarecer o que houve. É a obrigação moral da justiça eleitoral. O Brasil merece saber com detalhes quais os mecanismos usados para se garantir que o sistema de contagem de votos não seja vítima de ataques cibernéticos, que não existam programas escondidos dentro da urna eletrônica que alterem a contagem real dos votos e porque houve tantos problemas com os sistemas biométricos. A corregedoria do TSE não tem o direito de agir com a arrogância típica de nossos magistrados e atacar um questionamento legítimo como o feito pelo PSDB.
Um dos pilares da nossa democracia é a credibilidade da eleição. Esta já é frágil no momento que aparecem várias denúncias de crimes eleitorais por parte da máquina governamental que se foram investigados, os culpados não foram exemplarmente punidos. O TSE sempre foi uma entidade que transpirou prepotência, mas dessa vez foi demais, e a resposta dada pelo seu corregedor agride esta credibilidade. E se não houve fraude, como acho que não houve mesmo, o que impede que no futuro se realmente fraude uma eleição? Será que o TSE vai manter a mesma atitude e relegar a segundo plano as preocupações disseminadas de se manter inviolável a lisura do evento mais importante da nossa democracia? Como diz o livro de Provérbios, o orgulho vem antes da queda.

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